Pode parecer incrível, mas houve tempo em que o paletó era considerado informal demais. No século XIX, os artesãos e cavalheiros convictos resistiram a aposentar os antigos casacões europeus. "Os paletós não passam de uma roupa miserável e da vida boêmia", escreveu em 1835 Henry Murger, escritor e poeta francês, autor de Cenas de Uma Vida Boêmia.
De Paris, onde iam gastar seu dinheiro os capitães de indústria do mundo inteiro, o uso do terno se espalhou, identificando-o com o próprio espírito do capitalismo. Por isso, o terno permanece hoje muito associado à imagem do poder. Embora o próprio capitalismo tenha se modificado e esteja hoje mais dependente da criação, o que faz com que a roupa vá se tornando também menos rígida.
O terno contemporâneo já é mais leve que os antigos, com paletós de dois botões e ombros desestruturados, isto é, que acompanham o ombro de quem o veste, sem enchimento. Com três ou quatro botões, ele se torna ainda mais esguio e sedutor. O desenvolvimento dos tecidos ajudou a fazer ternos mais leves, longilíneos, que podem ser utilizados no verão e se moldam bem ao corpo.
Padrões conhecidos simplificam a escolhas de roupa; a elegância, porém, fica nos detalhes. Atenção portanto para regras de alfaitaria que são exigidas no ajuste de um paletó:
1. O paletó deve ser comprido o suficiente para cobrir as nádegas. Normalmente é também a altura dos punhos fechados, com os braços abaixados.
2. O paletó deve cair sobre as costas, de uma forma natural, sem vergar para dentro ou para fora. Deve estar cheio no espaço entre as omoplatas e não impedir o livre movimento dos braços.
5. A calça deve cair suavemente sobre os tornozelos. Não pode ser curta nem comprida demais. Com o sapato, a barra deve estar no máximo até o meio do calcanhar, cortada em linha reta até a metade do peito do pé.
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O caimento sobre o ombro deve ser natural |
2. O paletó deve cair sobre as costas, de uma forma natural, sem vergar para dentro ou para fora. Deve estar cheio no espaço entre as omoplatas e não impedir o livre movimento dos braços.
3. No paletó de um botão, abotoa-se o botão único. Dois botões, abotoa-se o primeiro. No de três, somente os dois de cima. No de quatro, também se abotoam somente os dois superiores. Mesmo no traje formal, a ideia é sugerir certa casualidade. Por isso, nunca se abotoam todos os botões, incluindo no jaquetão, onde se abotoa somente o primeiro botão.
4. A manga do paletó deve ser um centímetro mais curta que a da camisa. Por quê? Trata-se de um padrão que vem do tempo em que as camisas eram fechadas com abotoaduras. E estas eram feitas para aparecer. Além disso, ressalta-se a ideia de sobreposição de roupas com um certo critério. Quando o punho da camisa não aparece, a sensação é de que o paletó está comprido demais.
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A camisa deve aparecer 1 centímetro além da manga do paletó. Paletó mais comprido que a camisa dá impressão de desleixo. |
5. A calça deve cair suavemente sobre os tornozelos. Não pode ser curta nem comprida demais. Com o sapato, a barra deve estar no máximo até o meio do calcanhar, cortada em linha reta até a metade do peito do pé.
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Altura ideal da barra |
7. O vinco dianteiro da calça deve ser reto e descer e descer exatamente sobre o joelho até a o sapato.
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Vinco da calça: reto sobre os joelhos |
9. A parte de trás do colarinho da camisa não pode ficar coberta pela lapela do paletó. Nem alta em relação a ela. O colarinho deve aparecer em cerca de um dedo.
10. O colarinho não deve estar folgado demais, deixando o pescoço dançar, nem apertado demais.O ideal é que seja possível passar um dedo entre a pele e o tecido.
11. As mangas da camisa devem ser compridas o suficiente para não repuxar o punho com o braço dobrado. E não pode ser folgadas demais nem permitir que a manga vá além do punho, cobrindo a mão.
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O colarinho deve aparecer cerca de um dedo atrás do paletó. Não pode ficar escondido, nem alto demais |
10. O colarinho não deve estar folgado demais, deixando o pescoço dançar, nem apertado demais.O ideal é que seja possível passar um dedo entre a pele e o tecido.
11. As mangas da camisa devem ser compridas o suficiente para não repuxar o punho com o braço dobrado. E não pode ser folgadas demais nem permitir que a manga vá além do punho, cobrindo a mão.
12. Pouca gente usa o colete. Para que o colete serve ? É também uma questão de tradição. Antigamente, os homens usavam o colete para manter-se alinhados dentro do escritório, quando tiravam o paletó. Hoje ele é um elemento de estilo a mais: usa-se também como uma peça que pode fugir ao convencional, na cor ou na padronagem. Quem for usá-lo deve saber que a gravata deve estar ligeiramente ondulada no triângulo onde ela se insere (um tanto para fora, a partir do colarinho).
14. Podem parecer muitas as regras. Porém, os detalhes fazem muita diferença. Um pequeno erro denuncia não somente a possível falta de zelo, como desconhecimento. O terno precisa ser usado de forma impecável. Como numa página em branco, em que qualuqer pequena mancha chama a atenção, um deslize na roupa formal coloca também tudo a perder.
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