quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Belos vinhos chilenos, na escala Guaracy

Fui à degustação da Wine Chile Luxury Tastings, homenagem ao meu passado de edito de Playboy, VIP, Gula e outros empregos nos quais passei muito bem, na ABS, em São Paulo. Foi bom exercitar novamente o paladar - e encontrar muito boas sugestões para quem experimentar novos e ótimos vinhos chilenos. 

Para mim o vinho mais interessantes da variada amostra, por qualidade e preço,  foi o Single Vineyard San Carlos, malbec da Viu Manent. O sabor evoca de fato vinhas antigas, plantadas em solo craquelado, por onde penetra a água, criando rachaduras por onde crescem as raízes. A safra de 2020 foi de um ano seco. Deixou um vinho de sabor muito mineral, algo lodoso, de forte personalidade, com muito corpo e, assim, identidade única. 

Traz à memória o Vale de Colchagua e um Chile de tecnologia,  lançado adiante, um país hoje organizado, que reformulou sua constituição e tem produtos de qualidade internacional. Interessante como , com inteligência, se pode fazer algo de tão bom no solo granítico das planícies complacentes diante da majestosa cordilheira dos Andes. deixo assim um brinde àqueles que com cultura e tecnologia, fazem mesmo de um lugar inóspito do passado, como diz o slogan chileno, um passaporte para o futuro.

Dei umas notas, baseadas em critérios totalmente pessoais, na escala de inventei. Nada de pontos a la Robert Parker - apenas a nova Escala Guaracy. Ela vai de zero a dez, e leva em conta, pela ordem:  1. Corpo e complexidade de aromas e sabores (as características); 2. Surpresa (não parece mais um vinho já provado, isto é, tem personalidade própria); 3. Evocação (lembra o lugar, o seu terroir, é sugestivos à imaginação):

Ficou assim:

1. Carmenére Limites, Viña Sutil 2020 Carmere. Nota 8
2. Single Vineyard San Carlos Malbec, Viu Manent. Nota 9, alta e excelente pela relação com o preço (280 reais).
3. Santa Rita Floresta Cabernet Franc, Santa Rita. Nota 8.
4. Amayna Sirah, Garcês Silva, 2019.  Nota 7.
5. Chaski Petir Verdot, Peres Cruz. Muito apimentado. 8,5. 

Impressionante como melhoraram os cabernet, hoje encorpados, mas saborosos, e não como os antigos, pesados e saburrosos. caso deste Chaski.

6. Grand Clos Cabernet Sauvignon, Château Los Boldos, 2018. meio fumée, bastante apimentado.  Levou 96 pontos da Decanter. na minha escala dei Nota 9, mas pelo preço compraria o Viu, que ganha no custo benefício - um agarrafa deste custa 690 reais.
 
7. Las 3 Marias, 2015, Gandolini. 890 reais uma garrafa para o que seria para um vinho de de classe mundial, como diz Stefano Gandolini. El tem razão, e há certa arte em dizer isto, porque assim Gandolini colocou como astro global o que na realidade é vinho mais clássico do Chile: um cabernet do Vale do Rio Maipo. Este tem um buquê com leve aroma de... laranja. É denso, complexo, mas leve, inclusive por conta desse suave toque da laranja. Evoca também um pouco o vulcânico solo chileno, bastante mineral. enfim, é mesmo um grande vinho, e leva Nota 9,5 na escala Guaracy, embora no entanto eu fique ainda com o vinho 2 como melhor negócio.

8. Marques da Casa Concha Heritage, Viña Concha y Toro. 630 reais.

Voilà!