Existem atores que criam a chamada persona, um tipo que repete sempre a si mesmo, porque é essecialmente a própria pessoa, algo indissociável. Assim era a atriz Betty Lago. Ela podia encarnar personagens diferentes, da madame à barraqueira, mas de certa forma fazia sempre a si mesma. Por isso, a amávamos - não pelos personagens que fazia, e sim pelo que ela era, sempre.
Mas por que a amávamos, mesmo?
Mas por que a amávamos, mesmo?

Dela emanava uma superioridade aristocrática, que no entanto não era ofensiva, contrabalançada por uma maneira espirituosa de encarar a si mesma. Betty ironizava a imagem da "perua" ao mesmo tempo em que a assumia. E na realidade não era uma perua. Era, no sentido de criar arte, influenciar o comportamento, uma intelectual.
Betty Lago representou, em certa medida, a imagem da mulher inteligente, livre e perfeita, da melhor forma. Sua beleza não era a óbvia, grega, clássica. Tinha mais a ver com o charme e a construção do estilo. Betty tinha um nariz saliente, que para muitas mulheres seria candidato à cirurgia plástica, mas que ela conservou como uma marca diferente, individual, que trazia a mesma personalidade com que usava suas roupas.
Sim, Betty tinha beleza, classe, educação, fama, bom humor. Só não teve uma vida longa; ao morrer aos 60 anos de idade, em virtude de complicações de um câncer, deixa saudade e essa sensação de que o perfeito é muito passageiro, o belo é fugaz e tem de ser aproveitado enquanto dura.
Ficará como uma Greta Garbo brasileira, preservada pelas circunstâncias que a levaram tão cedo, impedindo-a de envelhecer - embora saibamos que, com seu imenso charme, Betty também saberia envelhecer muito bem.
Para lembrá-la, aqui vão algumas fotos aos leitores de O Homem Casual, capazes de tirar de qualquer um aquele secreto suspiro.


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